J. N. D. Anderson registra o comentário de D. E. Jenkins: "O cristianismo se baseia em fatos inquestionáveis..." Clark Pinnock define esse tipo de fatos: "Os fatos que apoiam as alegações cristãs não são um tipo especial de fato religioso. São os fatos que podem ser assimilados e entendidos pela mente humana, sobre os quais se baseiam todas as decisões de caráter histórico, legal e ordinário".
O objetivo da apologética não é convencer uma pessoa a, inadvertidamente e contra a sua vontade, tornar-se cristã. Clark Pinnock escreve: "Exige um grande esforço o trabalho de apresentar às pessoas, e de um modo inteligente, as provas em favor do evangelho, de maneira que elas possam tomar decisões significativas, convencidas pelo poder do Espírito Santo. O coração não pode se comprazer com aquilo que a mente rejeita como sendo falso".
HEBREUS 4:12
"Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração."
Precisamos manter o equilíbrio entre as duas tendências: devemos pregar o evangelho, mas também devemos estar "sempre preparados para responder a todo aquele que (nos) pedir razão da esperança que há em (nós)''. O Espírito Santo convencerá as pessoas acerca da verdade; não é preciso tentar convence-las, não é função humana.
"Certa mulher chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia". (Atos 16:14).
Pinnock, um hábil apologeta e testemunha de Cristo, conclui a questão, expressando-se com muita propriedade: "Um cristão inteligente deve ser capaz de apontar as falhas numa posição não-cristã e apresentar fatos e argumentos em favor do evangelho. Se nossa apologética nos impede de explicar o evangelho a quem quer que seja, é uma apologética inadequada".
Uma acusação bem comum e contundente feita contra o cristão é: "Vocês, cristãos, me deixam doente! Tudo o que vocês tem é uma 'fé cega"'. Certamente essa é uma indicação de que o acusador crê que, para tornar-se cristã, a pessoa precisa cometer um "suicídio intelectual". Pessoalmente, "meu coração não pode se alegrar com aquilo que minha mente rejeita". Meu coração e minha cabeça foram criados para juntos agirem e crerem em harmonia. Cristo nos mandou: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento"(Mateus22:37).
Quando Jesus Cristo e os apóstolos chamavam uma pessoa a exercitar a fé, essa não era uma "fé cega", mas uma "fé inteligente". O apóstolo Paulo disse: "Sei em que tenho crido" (2 Timóteo 1:12). E Jesus disse: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (João 8:32). Conhecer, saber, é o contrário de ignorar. A fé de um indivíduo envolve "a mente, as emoções e a vontade". F. R. Beattie tem toda razão ao afirmar que "o Espírito Santo não opera, no coração, uma fé cega e sem fundamentos..." É justificável que Paul Little escreva: "A fé no cristianismo baseia-se em fatos. Não é contrária à razão. No sentido cristão, a fé vai além, mas não contra a razão". A fé é a certeza que o coração tem de que as provas são suficientes.
A Fé Cristã É uma Fé Objetiva
A fé cristã é uma fé objetiva; deve, portanto, ter um objeto. O conceito cristão de fé "salvadora" é o de uma fé em que se estabelece um relacionamento com Jesus Cristo (o objeto); esse conceito está numa posição diametralmente oposta ao uso "filosófico" da palavra fé que, hoje em dia, se faz em geral nas salas de aula.
Um clichê que se deve rejeitar é: "Não importa o que você crê, desde que você tenha convicção disso". Vou ilustrar. Mantive um debate com o chefe do departamento de filosofia de uma universidade localizada no meio-oeste dos Estados Unidos. Ao responder uma pergunta, aconteceu de eu mencionar a importância da ressurreição. A essa altura, meu oponente me interrompeu e me disse com bastante sarcasmo: "Espere aí, McDowell. A questão principal é se a ressurreição aconteceu ou não? Ou se "você crê que ela aconteceu?" O que ele estava sugerindo (na verdade estava, com muita coragem, afirmando) é que minha crença era a coisa mais importante. Repliquei imediatamente: "Professor, na verdade importa, e muito, aquilo que creio como cristão, porque o valor da fé cristã não está em quem crê, mas naquele em quem se crê, no objeto da fé". E prossegui: "Se alguém pudesse me provar que Cristo não ressuscitou dos mortos, eu não teria o direito à fé cristã" (1 Coríntios 15:14).
A fé cristã é fé em Cristo. O seu valor não está naquele que crê, mas naquele em quem se crê, não naquele que confia, mas naquele em quem se confia.
Veja, não importa a quantidade de fé que você tenha, mas quem é o objeto da sua fé. Isso é importante do ponto de vista cristão. Paulo disse: "Sei em quem tenho crido". Isso explica por que o evangelho gira em torno da pessoa de Jesus Cristo.
John Warwick Montgomery afirma: "Se o nosso 'Cristo da fé' se afasta um pouco do 'Jesus da história' que a Bíblia apresenta, então, na proporção desse afastamento, perdemos também o autêntico Cristo da fé. Conforme Herbet Butterfield. um dos maiores historiadores da nossa época, o expressou: 'Seria um erro perigoso imaginar que as características de uma religião histórica continuariam inalteradas caso o Cristo dos teólogos fosse divorciado do Jesus da história'." A expressão "Não venha me confundir com os fatos" não é própria para um cristão.
Evidência que exige um veredito - Josh Macdowell
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