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Um retrato de família

Nessas últimas décadas, precisamos entender como as mudanças sociais, morais e econômicas, pelas quais o mundo tem passado, afetaram profundamente a imagem da família.


O sociólogo e historiador Carle Zimmerman em seu livro FAMÍLIA E CIVILIZAÇÃO (1947) publicou suas profundas observações sobre a relação existente entre a desintegração de várias culturas, paralelamente ao declínio da vida familiar das mesmas. Sete características específicas no comportamento doméstico determinam a queda de cada cultura estudada por ele:

* Casamentos que perdem sua qualidade de “sagrado” freqüentemente terminam em divórcio.
* O significado tradicional da cerimônia do casamento é perdido.
* O desrespeito público aos pais e autoridades em geral.
* O aumento da delinqüência juvenil, promiscuidade e rebelião.
* Relutância e, até mesmo, recusa em aceitar os padrões tradicionais para o casamento e a responsabilidade familiar.
* Crescente desejo de aceitação do adultério.
* Interesse, sempre maior, por perversões sexuais. Aumento dos crimes relativos à sexo.

Parece que esse homem publicou suas profundas observações sobre a família, não em 1947, mas no início deste milênio.

Quando perguntam minha opinião sobre a atual situação da decadência social e moral da família afirmo que a principal causa é espiritual. Caso você tenha alguma dúvida sobre isso, dê uma olhada nas seguintes estatísticas:

* Até o final do século XX, um em cada dois casamentos terminou em divórcio.
* Hoje à noite, mais de dois milhões de meninas praticarão prostituição para sustentar alguma criança gerada fora do casamento, ou, algum vício.
* Mais de 50% dos adolescentes e jovens brasileiros evangélicos são sexualmente ativos.
* 89% dos jovens brasileiros, em geral, se casarão sem ser virgens (de acordo com uma pesquisa da Revista VEJA).
* Cinco milhões de abortos são praticados anualmente, dos quais, a grande maioria é feita clandestinamente.
* Uma criança que assiste duas horas de televisão por dia, até atingir a maioridade, terá contato com 15.184 piadas sobre sexo, 96.798 cenas de nudez e mais de 163.000 tiros, além de ter presenciado mais de 130.000 assassinatos.

Quais são alguns fatores que têm contribuído para este retrato da família no Brasil?

1- Ausência de Deus na educação e no estilo de vida da família.

2- Ausência dos pais no lar.

3- Falta de diálogo aberto entre pais e filhos.

4- A presença de vários programas oferecidos pelos diversos veículos de comunicação que propagam falsos valores e incentivam o consumismo e a prática da imoralidade.

Essas coisas têm contribuído para o desenvolvimento de um comportamento social e moral influenciado pelo Humanismo (o homem é o centro da vida) e o Secularismo (negação da existência de Deus). Tornamo-nos uma sociedade onde pais e filhos buscam obsessivamente a auto-realização por meio do Hedonismo (busca pelo prazer) e do Materialismo (a aquisição de bens).

Em decorrência disso quantas vezes temos ouvido frases como esta:

“Não sinto mais nada por minha esposa. Vou procurar outra pessoa que me complete emocional e fisicamente!”

Se o homem é o centro de sua vida, então voltará somente para si suas atenções, considerando-se o mais importante de tudo. Então, se o cônjuge deixa de satisfazê-lo, simplesmente troca por outro!

Portanto, vejo que o problema fundamental da família, hoje, é a falta de espiritualidade, que por sua vez gera a exacerbação do egoísmo, motivado pela realização pessoal, busca dos prazeres e obsessão pelo material, intensificados pelos conceitos humanistas que influenciam profundamente a sociedade em que vivemos.

À luz dessa triste situação chegamos à conclusão de que a família, em nossa cultura, encontra-se seriamente abalada. Nós precisamos cuidar, com urgência, de nossas famílias.

As Escrituras ensinam que a família é essencial na existência de uma sociedade e, como parte dela, pais e filhos devem conhecer o propósito de Deus e aprender a se relacionar suprindo mutuamente, por amor, suas necessidades.

Por isso, invista em sua família para que ela seja:

Uma fonte de suprimento

Observando a proposta divina para o relacionamento familiar vemos, claramente, que o ideal é que no lar cada um deve procurar suprir as necessidades do outro. Suprindo não somente às necessidades básicas, mas, também, as emocionais e sociais. As mais variadas agências governamentais e particulares que existem, como asilos, casas para mães solteiras, orfanatos, etc..., têm o objetivo de fazer o papel que a família, por incapacidade ou desinteresse, não assume. O apóstolo Paulo afirma: “Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé...” – I Timóteo 5:8.

Um centro de convivência saudável

A família deve ser um centro de convivência saudável onde devemos aprender a nos relacionar em cada esfera da vida. Essa proposta está muito clara em I Timóteo 5.12: “Não repreendas ao homem idoso, antes exorta-o como a pai; aos moços, como a irmãos; às mulheres idosas como a mães; às moças, como a irmãs, com toda pureza.” Se, como adultos, temos dificuldades em nossos relacionamentos interpessoais, provavelmente não aprendemos no lar o que deveríamos ter aprendido.

Quando Deus instituiu a família, afirmou: “Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.” – Gênesis 2:18. Dessa forma Ele estabeleceu a relação conjugal com o propósito de suprir às necessidades do ser humano no contexto familiar, pois, nos tornamos melhores e mais realizados quando suprimos nossas necessidades por meio do que recebemos de nossos cônjuges, filhos, pais, etc.

Jaime Kemp
Teólogo

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